Editorial

Hora de subir a pressão

Com alívio, ao menos temporário, do temor de enchentes em maior volume em Pelotas e Zona Sul, a hora é de respirar fundo, mas não seguir em frente. Há muito o que se fazer para reconstruir as cidades e, mais do que isso, pensar do zero em estratégias que funcionem ainda melhor do que as atuais, responsáveis por prevenir parte de um alagamento total, mas ainda insuficiente. Isso tudo significa que o trabalho deve ser ainda mais duro nos próximos meses, anos e ainda décadas.

Pelotas resistiu, mas não resistiu. É uma sensação agridoce. Olhar para o que poderia ter sido e não foi é ótimo, claro. Chegou a se imaginar a água chegando a dezenas de localidades e "só" algumas poucas regiões, no fim, ficaram submersas. Mas este "só" não é um "só". São milhares de lares violados pela força da natureza, de famílias que vão lidar por anos, talvez gerações, com o trauma da perda. Por isso, é hora de olhar para onde acertamos, onde poderíamos ter sido melhores e projetar o futuro.

A região inteira está com prejuízo na casa dos bilhões. Demorou, precisou de pressão, mas alguns dos gestores nacionais vieram, como o governador Eduardo Leite (PSDB) e o secretário extraordinário da reconstrução do RS, Paulo Pimenta (PT), que visitaram a Zona Sul após semanas de cobranças.

Todos fizeram muitas promessas, bem-vindas, mas insuficientes. É preciso papel timbrado e dinheiro nos cofres das cidades e entidades que irão ter que lidar com tanta destruição. É preciso repensar as maneiras de prevenção, por mais que tenham, em parte, funcionado. Afinal, o sistema de diques foi exposto a uma pressão constante por mais de um mês e, sabe-se, poderia ser maior. Além disso, os bairros que alagaram necessitarão ser reconstruídos e, mais do que isso, ter a certeza de que a situação não se repetirá.

O outro, é relação com o meio ambiente. Passou da hora de estancar as construções sobre áreas outrora alagadas. São ações constantes, que precisarão ser levadas em conta por gestões a fio, de todos os níveis de poder. É importante lembrarmos que aprendemos com 1941, criando sistemas de contenções, que foram novamente desafiados. Agora, é hora de dar um passo além e prevenir com base em 2024. Isso tudo só em ações práticas e técnicas. Há ainda muito a se pensar no fator humano, tão afetado pelo pior maio da história gaúcha até aqui.


Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Nova Geopolítica

Próximo

A fotografia nas "Enchentes de Maio"

Deixe seu comentário